Com o menor preço do ingresso para os jogos da Copa do Mundo estimado em 350 reais, conto nos dedos quem vai pagar. Ou melhor, quem pode pagar aqui, em Natal. Comecei por Nevaldo Rocha. Adentrei pelo Midway e já comecei a encontrar dificuldade para ver quem poderá se sentar ao lado de Nevaldo. É possível que encontre. Mas quem? A dificuldade aumenta na medida em que, conhecendo Nevaldo como conheço, trabalhando os dois expedientes, entrando pelo terceiro e ainda aproveitando os domingos para fazer a mesma coisa, isto é, trabalhar, será que vai comprar um ingresso, talvez aí pela casa dos três mil reais, para assistir pelo menos um jogo da Copa do Mundo aqui, em Natal? Não creio.
Estou nesses pensamentos otimistas quando, de repente, me lembro que os lojistas, a título de colaboração com a FIFA, poderão comprar aí por volta de um dúzia de ingressos, os de menor preço, claro, na base de 350 reais, para sortear entre seus clientes. Boa ideia? Não é minha, confesso. Talvez, pelo desejo de colaborar com a renda dos quatro jogos, me ocorra aproveitar, neste espaço, ideias anônimas, de quem não conheço e, com toda convicção, desejo aproveitar para, de alguma forma, assistir aos jogos no estádio que vamos pagar a construção durante vinte anos. Além de pagar o que é nosso, ainda vamos continuar pagando se quisermos usar.
A Copa do Mundo, em 2014, está sendo usada, no Brasil, como a grande promotora do desenvolvimento nacional. Não entro no mérito, embora ache – e acho mesmo – que o evento já está sendo usado para o desenvolvimento de interesses próprios. Ingresso sem abatimento para estudantes e idosos contraria toda uma estrutura de hábitos e, principalmente, confronta-se com a realidade do país – aí sim – em desenvolvimento sem a Copa, no que tocar à qualidade de vida dos brasileiros de baixa renda ou de nenhuma renda.
Por falar em salário, onde está o dinheiro arrecadado com o aumento do imposto sobre os combustíveis? Quanto foi arrecadado? Depositado onde? Utilizado em que? Foi Bira Rocha quem levantou o assunto. É muito dinheiro e ninguém sabe quanto. E, de acordo com a Lei Complementar aprovada pela Assembleia no apagar das luzes – sempre tem sido assim, no escuro, no apagar das luzes – para destino nobre, os beneficiários do “Bolsa Família”. Onde foi empregado? Repetimos. Com a palavra, a governadora Rosalba Ciarlini. Ou os que se dizem da oposição.
O Pereirinha é vivo.

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